Do Blog de Claudio Humberto
O noticiário gira em torno da gravação das conversas telefônicas do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, com o senador Demóstenes Torres. No Palácio do Planalto, o presidente Lula reuniu em seu gabinete o próprio Mendes, além dos ministros Carlos Ayres Britto e César Peluso e o general Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, órgão ao qual está subordinada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Lula afastou Paulo Lacerda, chefe da Abin, e os outros diretores da agência. O general nega que seus agentes estejam metidos no caso; os ministros Tarso Genro e Nelson Jobim não comentam o episódio; no Congresso, mandou-se fazer varredura nos principais telefones; e, na Praça dos Três Poderes, a estátua está envolvida numa malha de arame.Como foi - Semana passada, estive no Supremo para fotografar a plenária que começava a julgar a questão das terras dos índios – ou dos arrozeiros – de Roraima, Raposa Serra do Sol. Apressado em não perder o início da sessão, deixei para fotografar na saída a imagem que vi à quando cheguei ao tribunal. Para ser bem sincero, vi, entendi e deixei para depois. Como tenho certeza de que existem fotos premonitórias, juro que esperava confusão com essa aí. Só não esperava que fosse tão logo. Hoje passados menos de sete dias aí está nos jornais e revistas o acontecimento que veste a foto que fiz naquele dia: em frente ao Tribunal, defronte ao Palácio do Planalto, no meio da Praça dos Três Poderes, a estátua da Justiça de olhos vendados, envolvida por uma rede de arame, presa. Com uma caixa preta aos pés e uma lâmpada, como se fosse um olho a observá-la. Não sei quem teve a idéia. Mas que ficou muito parecido com a notícia ficou. A cerca que seria para proteger a escultura de possível ataque de vândalos acabou simbolizando algo muito mais grave. Ontem pela manhã, fui lá perguntar quem a cercou. Ninguém soube ou não quis responder. Da mesma maneira, não se sabe quem grampeou a conversa do ministro Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres.
Orlando Brito.
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