segunda-feira, setembro 01, 2008

"A riqueza do pré-sal depende do tamanho dos investimentos"

Por Christiane Samarco, do Estadão: O debate sobre as reservas do pré-sal não deveria tratar de receitas e gastos, mas de investimentos. O alerta é feito pelo ex-prefeito de Vitória (1996-2004) e deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES). Ele fala com a autoridade de quem participou, como alto funcionário do BNDES, no início dos anos 90, dos primeiros estudos sobre a regulação do mercado de petróleo e gás e do modelo que transformaria a Petrobrás numa potência investidora e líder do mercado depois do monopólio quebrado - o que foi feito no primeiro mandato do governo Fernando Henrique (1995-1999).Vellozo Lucas diz que o governo está produzindo desconfianças desnecessárias entre os investidores privados e desvalorizando o trabalho e as ações da Petrobrás. O poder da estatal, afirma, deve ser controlado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), mas desde que o governo não use politicamente o órgão regulador.Qual é a sua avaliação sobre o debate em torno das reservas do pré-sal?Acho que o governo está conduzindo muito mal o debate. Desde descoberta de Tupi, no ano passado, e da retirada dos 41 campos próximos a Tupi da nona rodada (de leilões da ANP), o governo vem bombardeando sociedade com ameaças de mudanças regulatórias, fala em adequação do modelo e diz que as gigantescas reservas pertencem ao povo brasileiro. As reservas já pertencem ao povo, como está na Constituição. Esse negócio de ficar dizendo que o pré-sal precisa gerar riqueza para o povo brasileiro é má fé. Não é só desinformação. Eis a opinião da Folha Anúncios megalômanos e a verdade Os grandes anúncios do governo Lula nem sempre se concretizaram de acordo com a euforia do discurso político. O exemplo mais recente é o das reservas do campo de Mexilhão, na bacia de Santos, descoberta que supostamente seria a redenção dos problemas de abastecimento de gás no Brasil.Desde o seu anúncio, em 2003, até hoje, o governo já anunciou a antecipação da entrada do gás de Mexilhão no mercado para 2008 mais de uma vez, mas isso ainda não aconteceu. Na verdade, segundo a Petrobras, o gás de Mexilhão deverá começar a ser produzido entre o final do ano que vem e o início de 2010.A própria capacidade de produção do campo já teve vários números. O governo chegou a falar em produção de até 54 milhões de m3 por dia a partir deste ano. Para a Petrobras, a produção, quando começar, deverá ficar em 15 milhões de m3.O campo de Mexilhão não é o único projeto a se desconectar do discurso do governo. Na lista de grandes anúncios que nunca se concretizaram, também figura o H-Bio, anunciado pelo governo em maio de 2006. Ele era uma mudança no processo industrial de produção de óleo diesel, na qual um óleo vegetal (principalmente o de soja) entraria no processo produtivo, substituindo o petróleo.

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