terça-feira, outubro 21, 2008

A imprensa e o circo do horror

. Abri uma comunidade no orkut, criticando a atuação de Sônia Abrahão e Brito Jr. nesse episódio grotesco, propiciado pela imprensa. Estou enojada a bastante tempo com a estupidez de alguns canais de TV, da polícia que deseja ardentemente os holofotes, tanto quanto os bandidos oportunos. É pavoroso ver que dependendo do lugar, - algumas famílias, se rendem ao circo midiático - onde depois do acontecido, não pode nem chorar seus mortos com dignidade, pois, a maldita imprensa estará lá, dando cobertura, fazendo com que urubus desocupados, se acotovelem em filas intermináveis para ver e tirar fotos do velório, numa vigília macabra, comandada pela imprensa que tem o roteiro de um filmeco de quinta categoria. Essa mídia é carniceira e chinfrim. Envolve e manipula um poveco ridículo. A seu dispor a exploração patética e bizarra de uma gente doente, ávida por participar desses noticiosos. É a celebridade instantânea da indústria da morte. Todos querem mostrar e todos querem ser vistos, não importa o preço. Infelizmente, isto está se tornando um evento social até muito natural: onde a polícia que deveria ter cuidado reservadamente do caso, protegendo as vítimas, fez com que todos os envolvidos, tornassem-se protagonistas do enredo que a TV, desejou contar, quando deu espaço o suficiente para que uma Sônia Abrahão e um Brito Jr. da vida, tomassem nas mãos a "responsabilidade" de comandar o caso. Que mundo cão é esse que envolve e se deixa envolver? Pessoas mal intencionadas utilizam esse episódio para querer politizar o assunto. Se demorou quase quatro dias para invadir o prédio, é porque queriam o melhor desfecho para o caso? Sim. Tudo leva a crer que sim. E é o que deveria ter em mente o G.A.T.E. Deveriam ter cortado a energia do apartamento desde o inicio? Não sei. Não entendo dessas táticas, mas alguma coisa mais efetiva, deveria ter sido feito. Deixaram a amiguinha retornar. Que temeridade, não lhes parece? Mas partiram do princípio que o cara era apenas um apaixonado que queria aparecer, e essa análise foi fatal. Além do quê, deram muito espaço para a mídia sensacionalista armar o circo dela e atrapalhar as negociações. Mostrando para o meliante, todos seus passos. Disso ninguém hoje, tem mais dúvidas. O bocó era um doente, um desequilibrado e pelas atitudes dele, mandando bala na policia e nos repórteres, dava pra ver que não seria um caso fácil. O mané ficava vendo programas de televisão, se achando importante, dando entrevistas, e nessas entrevistas ao invés de alguém orientá-lo, apaziguar a situação, só colocavam mais lenha na fogueira, porque o importante era a AUDIÊNCIA e isso é um perigo. Muitos são culpados nesse caso, acho que os pais dela, deveriam ter visto quem era o cara quando começou a namorar com a garota, mas gente sem cultura, sem estudo, é presa dessa maldita midia que estimula a erotização precoce. Muitos pais não ligam e acham até normal, garotas de 10 anos, mostrando o bumbum em roupinhas apertadas e minúsculas, que dirá deixar uma menina de doze anos, namorar um quase adulto de dezenove anos. Noutro país, isso daria cadeia. Cada dia que passa os valores morais são mais esgarçados, jogados no lixo e isso é o inicio do fim de uma sociedade, porque o que mantém uma sociedade altaneira,equilibrada é a Familia. E quando a FAMILIA não vai bem ou se norteia por valores controversos, toda a sociedade de perde. Estou sendo muito conservadora? Dane-se. EU SOU MESMO, MUITO CONSERVADORA E ME ORGULHO DISSO. Houve falhas? Claro que houve, mas se mandam um atirador de elite sentar o dedo no camarada desses, tem sempre alguém dos Direitos dos bichos, pra dizer que a polícia mata muito, que é truculenta, blá, blá. Mas se tem que salvar alguém, que seja a vítima, e não o bandido, não é mesmo? Onde se enfiou a justiça que poderia coibir esse tipo de abuso? Onde estava o tal dos Direitos Humanos que não tomou providências para que fosse preservado a vida das adolescentes, proteger sua honra e imagens e a de seus familiares e amigos? Prendam esse tipo de imprensa por Deus.
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Abaixo, vocês poderão observar que não estou sozinha nessa linha de raciocínio.
Vejam os comentários no Observatório da Imprensa.

OBSERVAÇÃO DO LEITOR A mídia e o seqüestro de Santo André

Por Ana Maria Peterson Silva em 18/10/2008

Por que a imprensa tem tanta dificuldade em fazer autocrítica? É claro que essa pergunta não me surgiu hoje, mas o que me fez escrever foi o papel da imprensa no seqüestro da estudante Eloá Cristina Pimentel.

Na segunda-feira (13/10), o Brasil recebeu a notícia de que um rapaz de 22 anos estava fazendo refém sua ex-namorada, de 15 anos. Foram inúmeras reportagens sobre Lindemberg Fernandes Alves, um rapaz trabalhador, que não bebe, não fuma, tem dois empregos para ajudar a família.

Com o passar das horas, o rapaz foi sendo narrado como um criminoso seqüestrador desequilibrado. Diante disso, uma gama de profissionais passou a ser entrevistada: psiquiatras, advogados, especialistas em segurança, psicólogos, criminalistas foram submetidos a perguntas do tipo "o que o rapaz estava pensando quando entrou no apartamento?", "qual o objetivo dele ao colocar uma camisa do São Paulo na janela?". E por aí ia um festival de sandices.

No segundo dia, o rapaz falou com uma emissora de TV e o espetáculo ficou mais dantesco quando apresentadores José Luiz Datena e Sonia Abraão chegaram a bater boca no ar para decidir quem tinha a equipe de reportagem mais competente, quem fazia um jornalismo mais ético.

É possível?

A partir daí, entrevistados, apresentadores, pastores passaram a falar com o rapaz por intermédio da televisão. Ao mesmo tempo, vários comentaristas de segurança (nova denominação para repórter policial) começaram a repetir a seguinte frase "este rapaz está fazendo um passeio pelo Código Penal", enquanto outros estimaram a pena dele em 40 anos.

Considerando que no contato telefônico o rapaz deixou muito claro que seu maior medo era ir para prisão e levar tiros, segundo suas próprias palavras, não seria uma questão ética evitar comentários sobre a punição que ele iria sofrer ao sair de lá? Era de conhecimento de todos que ele estava assistindo televisão e ouvindo tudo. Não seria prudente evitar esse tipo de comentário com o objetivo garantir o sucesso da operação?

Em relação à imprensa, qualquer questionamento de seu papel nisso tudo é respondido pela seguinte frase: "Estamos fazendo nosso trabalho". Vocês acreditam que é possível fazer jornalismo nos meios de comunicação de massa de forma diferente, mais humana e com mais respeito?

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No meio de uma agonia como um seqüestro, cárcere privado, ou o " mano que pegou a mina para provar seu amor". Muita gente ficou na expectativa do desfecho. Diante do final mortal desse fato (estou escrevendo as 14h54 de sábado, 18, e Eloá não foi dada como morta, mas viver em estado vegetativo é estar viva?) abriram-se várias rodas de conversas, dentro delas especialistas em segurança, promotores, psicólogos, o diabo a quatro. Coletivas sendo cobertas, frases feitas, questionamentos constantes e um bocado de lamentos e condenações.

Afinal, nessa muvuca alguém vai confrontar o trabalho da imprensa? Alguém vai "cortar na própria carne"? Alguém vai admitir que não tinha preparo e mesmo assim falou com uma pessoa desequilibrada que mantinha reféns? Alguém vai tomar do remédio amargo do fracasso e vai dizer que não deveria ter dado tanta notoriedade para um rapaz que estava ameaçando pessoas? Alguém vai admitir que nessa infindável procura por "furos" a dita ética jornalística foi pras cucuias? Alguém admite que com o estandarte do "Essa é a função do jornalista" todos os limites éticos, morais, pessoais, civis, políticos, econômicos que sejam respeitados ou/e desrespeitados são coisas justificáveis? E são?

A imprensa é holofote para um bocado de coisa, mas ela precisa urgentemente voltar o holofote para si. (Andreia Neves, bancária, Salvador, BA)

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Gostaria de saber se a cobertura da imprensa sobre o seqüestro das adolescentes não poderia ter sido mais discreta, uma vez que o agressor obteve pela televisão a posição dos policiais, suas estratégias (até certo ponto) e entrevistas exclusivas (o que pode, psicologicamente, ter dado força para ele). Há possibilidade de alguma emissora ser responsabilizada? Houve agressão ao Estatuto da Criança e do Adolescente quando expuseram os nomes das adolescentes, suas imagens e a situação em que se encontravam? (Paulo Henrique de Brito Oliveira, bancário, Fortaleza, CE)

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Até quando sofreremos esse complexo de Super-Homem (Clark Kent) para querer ter visão de raio-X para penetrar numa parede de apartamento do CDHU onde se desenvolve um drama humano na periferia de Santo André?

Dessa vez as redações se superaram conseguiram o telefone do seqüestrador Lindemberg Alves, de 22 anos, guindado da noite para o dia a grande estrela de televisão. Além da Rede TV!, que colocou no ar o autor da façanha, a Rede Record também falou diuturnamente com o menino de dois revolveres.

Os erros foram se avolumando. O menino assustado cedeu lugar ao homem fanfarrão, auto-suficiente e autojustificado, para gáudio da audiência e também dos militares, que esfregaram as mãos pressentindo um desfecho na base do bangue-bangue a que estão acostumados principalmente na periferia, manipulando gente que eles não respeitam.

Patético foi ver uma apresentadora tentando manter a linha de conduta perante o seqüestrador, que a tratou como uma negociadora leiga por vários minutos no ar. Depois, no dia seguinte, reagindo a vociferações de outro programa sensacionalista, p seqüestrador se defendeu, gabando-se de seu caráter ilibado do réu primário que havia dado a honra de falar aos microfones da rede TV. E àquela hora, o novo herói de papel da periferia falava à Rede Record congestionando as linhas de negociação. Confronto e constrangimento no ar.

A Record resolveu partir para o ataque tirando o caráter sagrado do ex-santo do dia, que mesmo com dois revolveres na mão submetia duas garotas à sua sanha. Ninguém é covarde com revolver na mão.

O certo é que o rapaz manteve o medo constante da prisão com o qual entrou no apartamento da ex-namorada. Pendurou até a camisa de seu time na janela, mas não disfarçou que temia aquela polícia que todos nos acostumamos a ver com um certo receio. Será que ele teve alterado o desejo de se entregar quando vislumbrou a fama diante de tantos apresentadores de TV?

Até quando participaremos sem culpa deste circo da audiência? Até quando participaremos do trabalho de dificultar à musa Têmis a tarefa de fazer justiça? Lembremos que ela é cega e, desorientada pelos nossos gritos e vociferações, não será capaz de distribuir o que sua balança promete. (Fausto José de Macedo, jornalista, São Paulo, SP)

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Está aí o desfecho que a imprensa queria. Era necessário invadir o apartamento pois o programa do Datena estava para terminar e não seria justo atrapalhar o final de semana do jornalista. Bebam o sangue das vítimas da televisão. Os jornais estampam fotos imensas, está garantido o final de semana dos editores, temos assunto para pelo menos mais uma semana. Bebam o sangue das vítimas dos jornais. As rádios, missão cumprida. Bebam o sangue das vítimas das ondas do rádio. Saúde malditos, saúde. Se empapucem nesse mar de sangue e de insanidade, se lambuzem, se fartem. Saúde malditos, missão cumprida. Jornalista não é fiscal de nada, não foi eleito para isso, e este Observatório é só mais um observatório fascista ao governo federal [sic].(Francisco de Assis Freire, pedagogo, São Paulo, SP)

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Gostaria de saber a avaliação dos profissionais do OI sobre a ação das emissoras de TV no caso do seqüestro de Santo André. Com o desfecho do fato, vejo apenas a imprensa culpando a polícia. Mas, e os veículos de comunicação de massa, especialmente TV, que o seqüestrador tinha constante acesso? Tratavam-no como coitado, usavam pseudoespecialistas (por sinal sem ética ao abordar um caso apenas em tese, sem conhecer o fato), informavam sobre ações da polícia, mostravam a movimentação da polícia, faziam um perfil de star do acusado, brigavam para falar com ele (ocupando o celular do acusado para interesses de cada emissora), inclusive dar conselhos! Tudo por uma luta por audiência.

Onde está a responsabilidade e ética da imprensa? Alguns cogitando a morte da jovem Eloá para dar mais dramaticidade. Onde está a checagem das fontes? Onde estão os princípios do jornalismo? Todos precisam rever suas ações. (Katia Muniz, professora, Rio de Janeiro, RJ)

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Buscam o verdadeiro culpado? Esta culpabilidade foi a primeira pergunta de "jornalistas" para a polícia de São Paulo. No meu entender, os verdadeiros culpados e responsáveis pelo desfecho deste e de outros casos horripilantes são jornalistas, apresentadores de programas mundo-cão e outros que tais, que feito urubus andam atrás de qualquer carniça para explorar, explorar e explorar... sem nenhum profissionalismo, sem nenhuma capacidade investigativa e de ouvir. A começar dos holofotes permanentes sobre bandidos e manchetes diárias sobre brutalidades 24 horas ininterruptas pelos canais de comunicação, além das perguntas/coberturas medíocres e burras que dirigem àqueles que prestam serviços. Senhores deuses da verdade! Ouçam-se, assistam-se e envergonhem-se! Assina: ser humano envergonhado por tanta falta de humanidade. (Sônia Cristina Silveira, turismóloga, São Paulo, SP)

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Acompanho regularmente o Observatório da Imprensa pela TV Cultura e gostaria de sugerir uma discussão para o próximo programa: a cobertura do seqüestro das adolescentes em Santo André. Em que pese que a atuação da polícia possa ter sido para lá de desastrada – colocando de novo a adolescente Nayara sob a mira do revólver do seqüestrador –, não teria contribuído para o desfecho trágico a própria atuação dos canais de televisão que, em busca da melhor audiência, se dedicaram a entrevistar o seqüestrador? Isso não teria interferido na negociação entre a polícia e o criminoso? E as câmeras focadas 24 horas por dia também não se puseram a serviço do seqüestrador, uma vez que ele estaria sendo plenamente informado de cada passo dos policiais apenas ao ligar a TV? Questão: acima da liberdade da imprensa, não deveria se colocar a responsabilidade social dos próprios órgãos de imprensa? (Andrea Ferreira, tradutora, São Paulo, SP)

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Caro Dines, gostaria do seu comentário sobre a cobertura da mídia sobre esse seqüestro de Santo André, pois houve um tremenda especularização com o episódio, principalmente da TV Record, que a meu ver não tem ética jornalística nenhuma. Seus repórteres chegaram a fazer insinuações sem fundamento técnico algum e, mais absurdo, entrevistaram o seqüestrador (a Rede TV! Também) num claro desrespeito aos seus telespectadores nessa busca desenfreada pela audiência. (José Rocha, administrativo, Bauru, SP)

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Alberto Dines, diante do lamentável episódio em Santo André, gostaria que você opinasse sobre qual foi a produtividade da imprensa em entrevistar o seqüestrador. A imprensa não tem que avaliar riscos antes de tomar uma posição como essa ou foi um ato somente jornalístico? (Sabrina Rodrigues. estudante de jornalismo, Rio de Janeiro, RJ)

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Eu gostaria de saber o que vocês acham da imprensa que ficou telefonando para o seqüestrador sem ter preparo de negociador, e depois só fala da policia e não fala do seu papel como se tudo fosse possível em nome da liberdade de imprensa. Inclusive colocar em risco a vida das pessoas, pois nunca vi tanto analista falando do que ia acontecer com o rapaz e falando com ele como se conversasse com um pop star. (Silvia Monteiro, artesã, São Paulo, SP)

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Gostaria que comentassem a atuação da Rede TV! durante o seqüestro das duas meninas em São Paulo – Eloá e Nayara. A emissora telefonou para a casa de Eloá e falou com o seqüestrador. Essa exposição da mídia não poderia ter incentivado o Lindemberg a agir da forma que agiu?

A imprensa não deu também a devida cobertura ao fato de nossos policiais não estarem preparados para fazer essas negociações e permitir contatos amadores como o que a Rede TV! tomou a liberdade irresponsável de fazer. Vejam o fato noticiado aqui. (Woodson F. de Carvalho, professor e doutorando em semiótica, Belo Horizonte, MG)

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Gostaria de sugerir um programa sobre a atuação da imprensa nesse episódio. Para mim, ela foi uma das grandes responsáveis pelo desfecho trágico. (Márcia Mendes, jornalista, Rio de Janeiro, RJ)

Um comentário:

Ly disse...

Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos de forma leve.


www.mosaicodelama.blogspot.com

Boa leitura!

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