quarta-feira, novembro 05, 2008

Jabor é minha anta, ho ho

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JABOR, RACISMO E MISOGINIA Por Reinaldo Azevedo Por que vocês fazem isso comigo? Leitores me pedem que comente o texto de Arnaldo Jabor publicado hoje no Estadão e no Globo. Maldade com o Tio Rei. Jabor é um artista, entendem? Quando ele trata de política, recorre a tropos e fantasias, não a argumentos. É um direito dos artistas. Ele já começa correndo terríveis riscos no título: “Vai dar Obama na cabeça”... Uau! Logo no primeiro parágrafo, lê-se: “Obama ou McCain? Quem dá mais? A inteligência que resiste à estupidez ou aqueles 59 milhões de idiotas que elegeram o Bush na fraude do século, na Flórida. Será que vão repetir a fraude? Estranha herança da democracia fundada - furos propositais no sistema eleitoral, zebras programadas. Será que ganha o racismo oculto, recôndito, a KKK na alma de ‘wasps’?” - Para Jabor, quem concorda com ele é inteligente; quem não concorda é estúpido; - ele comprou a tese de Michael Moore da “fraude” na Flórida, o que nem os democratas sustentam. Mais: refere-se à primeira eleição de Bush. Mas Bush venceu a segunda eleição, sem contestação. E, claro, eleitores de Bush e dos republicanos são “idiotas”; - o sistema eleitoral americano seria fruto de uma tramóia conspiratória para impedir a vitória do bem; - só o racismo oculto derrotaria Obama, e todo wasp tem a KKK na alma. O que vocês querem que eu diga? Um parágrafo com esse grau de boçalidade, que fosse racista contra os negros, como é contra os brancos, e que ofendesse os eleitores de Obama, chamando-os de “idiotas”, não seria publicado no Globo, no Estadão e em lugar nenhum. Como é contra brancos, republicanos e, claro!, Bush, tudo bem: o coquetel de ofensas é lido como ousadia. Para Jabor, McCain prisioneiro no Vietnã “era o criminoso abatido - não a vítima. McCain luta por sua fama. Como está velho, caído, finge uma desenvoltura de caubói ligeiro que não cola e, como teve câncer que pode voltar, pode acabar nos legando aquele pit bull de batom, a perua careta e despreparada Sarah Palin, que seria a ‘boceta de Pandora’ final para o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males.” Seria inútil explicar a Jabor o que representava o Vietnã no contexto da Guerra Fria. Ele não quer saber. Sob o pretexto de ser o mais anti-racista dos anti-racistas, refere-se a velhos e doentes de um modo grotesco e mal disfarça uma exacerbada misoginia. O recurso final, escolhendo a expressão “Boceta de Pandora”, em vez de “Caixa de Pandora”, que é como a coisa é referida no Brasil, faz seu texto mergulhar na lama. De certo modo, ele entrou realmente no clima: não foram poucos, neste 2008, os que combateram o suposto preconceito racial com o preconceito real contra as mulheres. O Jabor sem receio de tratar as mulheres como tratou no parágrafo anterior, gosta, no entanto, de Obama porque ele “é o novo. Obama é o negro sem rancor, o negro pós-moderno, que passou por Malcolm X, pelo Luther King e que atingiu uma espécie de síntese de virtudes políticas que almejamos: tolerância, a ecologia, a inteligência contra a mentira, é antiguerra, pela superação do bipartidarismo numa busca de "entente cordiale", contra os "lobbies", contra a tirania do petróleo, contra o efeito estufa. E não me venham os fascistinhas chamá-lo de "esquerdinha sem programa"... Como a gente vê acima, Obama é mesmo "o" homem sem mácula. E o Jabor que não gosta de preconceitos escreve: “Se Obama ganhar, teremos a felicidade de não ver mais as famílias gordinhas dos boçais da direita, os psicopatas sorridentes de dogmas, seus hambúrgueres malditos, seus churrascos nos jardins (...)”. No momento mais patético do texto, manda ver: “Obama parece pairar ‘acima’ da política, com um ‘honesto’ messianismo, pois seu programa é quase abstrato. E não faz mal, pois, como dizia Valery: 'Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?'" O que isso quer dizer? Por que Jabor escreveu “acima” e “honesto” entre aspas? Existe “messianismo honesto” além daquele do Messias original (e olhem que não há unanimidade nem sobre isso)? Valery??? Valery falava sobre arte, Arnaldo Jabor, não sobre a política. O texto de Jabor expressa seu antiamericanismo primitivo, desinformado e ecoa esquerdismo jurássico. Nada mal para quem já foi tido como cronista do neoliberalismo... Há quem ache que ser acusado ora de uma coisa, ora de outra, é sinal de que se anda pelo meio, na trilha da virtude. Não necessariamente. Pode ser apenas confusão mental. Jabor deve estar farejando uma nova era, em que a esquerdopatia light voltará à moda. Será? Desde os atentados de 11 de Setembro, Jabor tem um desculpa e tanto para exercer seu antiamericanismo rombudo: a direita americana seria a verdadeira responsável pelo extremismo islâmico, o que, lamento dizer, é uma mentira história facilmente demonstrável e uma vigarice ideológica. Ele insiste na ladainha: “O legado de Bush é nossa miséria. O Iraque destruído, milhares de homens-bomba disputando a honra de nos matar, o Irã nas mãos de um ‘Chávez’ islâmico, o Paquistão povoado por milhões de fundamentalistas com bomba atômica, embalando o Bin Laden”. Viram só? Nada disso é culpa do terrorismo. É tudo culpa do Bush. E, a partir de amanhã, esses problemas serão resolvidos por Obama, que, segundo o cronista, também é “sexy”, além de ser um “presidente que transa”, cuja mulher “tem corpaço, bumbum”. Deus do Céu... Jabor realmente não sabe que ele é muito, mas muito mais velho do que John McCain, com seu racismo às avessas, sua misoginia explícita e sua abordagem de política externa que ficou congelada lá no CPC da UNE. Achei que suas grosserias contra o povo americano já tinham chegado ao limite em textos anteriores. E tinham. Mas ele deu mais um passo. Ademais, para quem se preocupa tanto com a sexualidade alheia, seria o caso de investigar, sob o pretexto de atacar o reacionarismo de Sarah Palin, o seu escancarado ódio às mulheres. ELE SABE MUITO BEM O QUE ESCREVEU. E É NOJENTO! Não me venham com histórias. Recebi alguns comentários sustentando que, quando Jabor afirmou que Sarah Palin é a “boceta de Pandora” (ver post abaixo), não estava tentando ser, como direi?, capcioso, já que a expressão seria até mais erudita do que “Caixa de Pandora”... Ademais, dizem, a palavra chula para se referir ao órgão genital feminino seria escrita com “u”. Bem, lamento a ingenuidade e a ignorância. Tanto a caixa quanto o tabuísmo se escrevem mesmo com “o”. Não há qualquer diferença de grafia. Não, senhores! Jabor escreveu e queria que entendêssemos que, da Caixa de Pandora, provieram todos os males — e só a esperança ficou presa ao fundo. E que com Sarah, uma mulher, dotada de uma “caixa” — o que, parece, para Jabor, a inviabiliza para o cargo —, o mesmo pode acontecer. Ele certamente não gosta dela porque é republicana, “reacionária”, “evangélica”, “criacionista”, sei lá eu... É? Então Jabor pode, em nome dos seus (dele) princípios, fazer com aqueles a quem odeia coisas que estes não fariam com ele, Jabor, em nome dos princípios deles? Quem é, pois, o intolerante? O procedimento é asqueroso, preconceituoso e velho. Os moços já não têm mais esse medo que Jabor tem da “Boceta de Pandora”. As relações, hoje em dia, entre os sexos, têm outra dinâmica, não é mesmo? A psicanálise aborda o chamado “medo da vagina” — há homens que têm a terrível fantasia de que as mulheres podem mutilá-los; vale dizer: “lá” estaria guardado o Mal. No caso de Jabor, tarde demais para a cura. Jabor deve desculpas a todas as mulheres pela grosseria e pela vulgaridade. Comento
O Jabor é um demagogo que usa uma linguagem de palanque eleitoral. Tal qual, seu outrora, senso "revolucionário". É ranço puro, velhaco e aproveitador. De um oportunismo incontrolável esse "menino" não é?
Ele esquece ou não sabe mesmo, que a KKK é um braço armado do Partido Democratas. Vai estudar, Jabor! É uma anta mesmo!

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