terça-feira, setembro 16, 2008

Bolívia - Tragédia, diálogo e hipocrisia internacional

Por Marcelo Ostria Trigo - analista de temas de política nacional e internacional do El País Online Bolívia. Todos viam a violência chegar. Não houve esforços para detê-la. Nem sequer foi importante estabelecer as causas do por que a Bolívia diversa, contraditória e de atormentada história, estaria novamente ao borde de uma luta cruel. Realmente não tem lugar para a esperança. Persiste a inquina. Está longe a solução para se encontrar a justa paz. Sim. Isto é realmente pessimista. Porém, como ter alguma expectativa de paz, se o populismo entende o diálogo - proclamado urbis et orbi por Evo Morales - como instrumento de imposição. Claro que nada pode sensatamente opor-se ao diálogo quando este se baseia na honestidade, quando não existem ocultos trabalhos para enganar, pelo uso do Poder para fazer prevalecer e subjugar. Resulta fácil e até simpático instar ao diálogo, ainda que esteja subjacente a intenção perversa de fazer prevalecer. Essas incitativas, freqüentemente são produto do "comodismo" político, do afã de mostrar atitudes "civilizadas", abusando dos conceitos de continuidade democrática e institucional. As declarações vagas e tantas vezes rotineiras fazem o jogo dos regimes que ocultam seus desígnios de opressão. E o argumento mais usado é o da "legitimidade" das urnas - que não garantem a conduta democrática. Ganhar eleições não dá título de democrata para ninguém; para se obter tal qualidade deve prevalecer o "respeito mutuo convergente entre a maioria - sempre circunstancial - e as minorias". Democracia é também respeitar a lei, a justiça e as liberdades cidadãs. É, ao fim e ao cabo, abster-se de usar uma maioria circunstancial para atropelar e subjugar instituições, para avassalar regiões e agrupações cidadãs. Ganhar eleições tampouco dá "patente de corso". Não é o veículo para impor ilegalmente, por exemplo, dentro de um quartel militar e à custa de mortos e feridos - um projeto constitucional sectário, racista, injusto e discriminador - como aconteceu em outubro de 2007 em Sucre. Mas tem os dirigentes estrangeiros - provocadores ou simplesmente ingênuos - que proclamam seu apoio ao governo de Evo Morales, o "legítimo governante, nascido nas urnas". - Tivemos as práticas violentas das hordas fanatizadas e alentadas pelo oficialismo para cercar o congresso, para bloquear cidades, para atacar ferozmente em Cochabamba, provocando mortos e feridos. É público o orgulho presidencial em violar as leis se lhe convém ao seu projeto populista; Sempre com suas balbuciantes proclamas ele afirma que o MAS é partidário daquilo que chamam "cultura da vida" e, no entanto, morreram em Pando aqueles que se opuseram a ela. Nada disso importa aos políticos de fora. Eles nunca se manifestaram contra as iniqüidades e desmandos de Evo Morales e de suas hordas da violência. Agora a Nação do Sul, informa que "em plena crise política na Bolívia, Argentina, Venezuela e Brasil expressaram seu apoio ao presidente Evo Morales, logo depois deste ordenar a expulsão do embaixador norte-americano "por conspirar contra a democracia" e por "buscar a divisão da Bolívia", ao cabo de uma jornada marcada por novos choques nas regiões opositoras...". Porém, o que podemos esperar de um governante, como o brasileiro, que tem como assessor um extremista imprudente, agressivo e descarado, protegido por sua investidura, como o Marco Aurélio García, que em 8 de fevereiro deste ano se lançou à tropelia intervencionista: O assessor do "presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, elogiou o governo boliviano por se juntar aos setores populares e criticou à "classe dominante parasitaria". Procaz e abusivo. A mandatária argentina, em meio de seus graves problemas, teve tempo para expressar seu respaldo "pleno e incondicional" a Morales e solicitou que a comunidade internacional se declare "contra o motin golpista na Bolívia". ¿Incondicional? ¿Também esta presidência apóia a fraude e o engano? Saí pra lá, com esse excesso de justificar o "incondicional" - a antidemocracia. Outra sibilina declaração: um presidente "rechaçou todo intento de quebra institucional, político e de integridade territorial" na Bolívia. ¿O que terá tentado dizer com isso - "quebra institucional e político"? E quem terá metido em sua cabeça que existe perigo para a integridade territorial boliviana? Falar apenas para ficar para ficar bem na cena, não cai mal a um mandatário cinzento. O novato Fernando Lugo: "Paraguai estará solidário com todos os países se os governos tiverem sido eleitos democraticamente". Saí pra lá disparate. Ele devia apoiar a democracia continuamente exercida, não somente um ato eleitoral freqüentemente viciado pela fraude. E não faltaram besteiras: Manuel Zelaya, Presidente de Honduras "disse que, em solidariedade à Bolívia não receberia por agora (?) o novo embaixador dos Estados Unidos e aclarou que não queria problemas com Washington, a quem considera "aliado" (?). E ainda sobram os outros: os ferozes da palavra. Falar da linguagem grosseira e demente de Chávez, das declarações bobalhonas de Ortega, e do despistado Correa, é um exercício inútil, pelo menos até que prevaleça a verdade, agora deformada pelo populismo. Tradução de Arthur (MOVCC)

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