quinta-feira, dezembro 11, 2008

COPOM mantém Taxa Selic em 13,75% e Governo cria pacote para o país crescer 4 % em 2009

Comércio, indústria e sindicatos criticam decisão do BC
Na Folha Online:
Representantes dos setores comercial e industrial criticaram a decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, tomada na noite desta quarta-feira. Eles avaliaram que a inflação não é um perigo neste momento, e que o essencial no momento é garantir que o país não caia em forte desaceleração econômica. A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) chamou a decisão de "dissociada da realidade econômica mundial" e disse acreditar que, pela primeira vez, não fosse uma medida imprudente reduzir a taxa "em três ou quatro pontos percentuais", dada a situação da economia mundial. "Pode-se dizer que, mesmo parada, a Selic subiu até 2% nos últimos meses, na comparação com os juros vigentes nos EUA e na Europa, que têm sido drasticamente reduzidos pelos respectivos bancos centrais. Enquanto isso o nosso BC ignora o risco do contágio pela recessão mundial e se preocupa com o perigo mais imaginário do que real da inflação", disse o presidente da Fecomercio-SP, Abram Szajman, em comunicado. Para a entidade, o desempenho da inflação não justifica tal medida do Banco Central, e também dá sinais contraditórios porque mantém os juros altos enquanto libera recursos do depósito compulsório para aquecer a economia. "Com os juros altos, a liberação do compulsório torna-se uma medida manca", disse Szajman. Já o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse acreditar que a crise justificaria uma redução desde já na taxa de juros. "A perda de intensidade da atividade econômica, em virtude dos efeitos da crise financeira internacional e das dificuldades do mercado de crédito, justificaria plenamente uma ação nesse sentido", disse Monteiro Neto. "Essa ação acompanharia inclusive a política monetária de diversos países nesse momento de necessidade de ações coordenadas em escala internacional." Assim como Szajman, o presidente da CNI também não vê na inflação um motivo grande o suficiente para manter a Selic em 13,75% ao ano. "A economia mundial passa por um forte momento deflacionário, com amplo impacto nos preços em escala mundial, e há recuo na atividade interna, com desaceleração nos preços e custos domésticos", disse. A mesma linha de raciocínio foi tomada pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, para criticar a decisão. "É absurdo manter a taxa de juros em nível tão elevado, quando a inflação está sob controle e precisamos lutar para impedir que haja uma queda brusca do crescimento. Desse jeito, já começo a sentir saudade de 2008", disse. "O governo brasileiro, ao insistir em não abaixar a Selic, coloca-se na contramão do que países como Japão, Estados Unidos e outros da Europa estão praticando: cortes drásticos nos juros para proteger emprego e renda." Sindicatos A direção da Força Sindical afirmou que "o governo não pode continuar com esta política que privilegia os especuladores em detrimento da produção e o emprego" e disse que "a somatória da crise econômica com os juros em patamares estratosféricos vai prejudicar os trabalhadores que lutam para manter seus empregos". Para a central, os juros elevados ajudam a criar um clima de incerteza e pessimismo para o setor produtivo. "Essa decisão é nefasta para os trabalhadores que anseiam por juros menores. A taxa neste patamar é um banho de água fria no crescimento da economia do 1º semestre de 2009. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes também repudiou a medida e afirmou que, "enquanto o resto do mundo reduz suas taxas para aliviar os encargos para os seus cidadãos e afastar os efeitos nocivos da crise financeira, no Brasil, os senhores da economia dão as costas aos problemas da população". A entidade também afirmou temer pelos "trabalhadores ameaçados de perderem os seus empregos". Para o sindicato, a decisão "só serve para impedir o acesso ao crédito, permitir que os bancos continuem alimentando-se de taxas abusivas, aumentando seus lucros, enquanto a produção segue com o freio de mão puxado diante das incertezas geradas por uma política econômica distante da realidade e das necessidades do país".
Por Beatriz Abreu e Adriana Fernandes, da Agência Estado:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está finalizando com a equipe econômica novas medidas de desoneração tributária para anunciar nesta quinta-feira, 11, durante reunião com empresários. O governo mantém firme a posição de conter, no que for possível, uma desaceleração mais forte da economia no próximo ano. A meta de sustentar o crescimento em 4% em 2009 não é aleatória e será perseguida "a todo custo" para impedir que os ganhos sociais e de geração de empregos alcançados no governo Lula sejam deteriorados pelos impactos da crise financeira, que atingiu sua fase aguda a partir de setembro. A estratégia do governo para mapear as medidas que garantam a atividade econômica foi discutida nesta quarta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com os dirigentes das centrais sindicais. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, informou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que vai anunciar, nos próximos dias, mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Segundo Santos, Mantega disse que as medidas ainda precisam do aval do presidente Lula. O governo está sensível às reivindicações para a garantia dos empregos e da atividade econômica. O foco está colocado na desoneração tributária de impostos como o de renda para pessoas físicas e jurídicas, dos que incidem sobre as operações financeiras, como o IOF, e da produção, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), embora medidas pontuais de preservação do nível de emprego não estejam descartadas. Imposto de Renda Por outro lado, o sindicalista disse que as centrais saíram frustradas do encontro, porque esperavam uma decisão sobre o IRPF ainda hoje. Santos disse que o ministro não apresentou detalhes das mudanças que poderão ser adotadas. O governo, segundo o sindicalista, se comprometeu com o reajuste da tabela do IRPF em 4,5%, mas as centrais sindicais querem no mínimo uma correção pela inflação. As centrais também reivindicam mudanças nas alíquotas do imposto. Santos informou que o ministro disse que anunciará, também nos próximos dias, medidas para diminuir o custo financeiro. Segundo o sindicalista, as centrais manifestaram ao ministro a preocupação com a necessidade de redução dos juros. Foi aí, então, segundo ele, que Mantega disse que tomaria medidas para reduzir o custo financeiro, sem, no entanto, entrar em detalhes. Expectativa Ao longo dessa semana, foram fortes os boatos nos bastidores do governo em torno de propostas que, do ponto de vista das empresas, poderiam ser adotadas para evitar demissões, principalmente em setores intensivos de contratação de mão-de-obra, como a construção civil. Uma delas seria a suspensão temporária do pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O objetivo seria liberar capital de giro para as empresas. A proposta, no entanto, não teve boa receptividade. "Trata-se de uma medida que segue a lógica do governo de garantir capital de giro para as empresas, além de contornar o problema do crédito escasso e caro", reconheceu uma fonte do Planalto. "Mas o que o governo pode fazer de melhor para manter o emprego é garantir a manutenção da atividade econômica", acrescentou. A abordagem do governo "é macro", segundo essa fonte. Ou seja, embora haja disposição de medidas pontuais, como aliás já foram adotadas para diversos setores, o raciocínio de Lula não perdeu foco: o que garantiu a geração de mais de oito milhões de empregos ao longo de seu governo foi o crescimento econômico. "A idéia central é manter a atividade econômica aquecida", completou a mesma fonte. Por isso, a insistência do Planalto em assegurar os recursos para investimentos - definidos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e nos programas sociais.

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